domingo, 6 de julho de 2014

Voltas que o mundo dá

Romilda

Uma jovem descobre que está grávida. 
Ainda sob o efeito da novidade, ela pega o carro e sai... 



Certa manhã, Clarisse, jovem secretária de uma grande empresa, sentiu-se mal, chegando mesmo a desmaiar. Todos os seus colegas ficaram alarmados, levaram-na para a saleta dos funcionários e, assim que acordou, lhe deram água. Já recuperada mas ainda pálida, quis voltar ao trabalho. Seu chefe porém insistiu que ela fosse a uma clínica próxima. Ate liberou uma colega para que fosse junto.
Chegando lá, foi logo atendida. Depois de feitos os exames, o médico lhe falou: “não há com que se preocupar, você está com saúde boa, apenas esses incômodos, o que é normal no seu estado. É só fazer o acompanhamento pré-natal”. Ao que Clarisse disse: “o quê?”. O doutor notou que ela não havia entendido e falou claramente: “você está grávida de quatro semanas”. Clarisse deu um pulo na cadeira e disse: “como?”. O médico repetiu. Ela petrificada já não o escutava, só repetia a si mesma: “mas como, se eu sempre me cuidei? Não pode ser, como vou fazer com meu trabalho, e estudos e meus pais?” Eram tantas perguntas, que estava fora do mundo. Foi preciso o médico tocar em seu ombro e perguntar se ela estava bem. Para sair do estado de torpor, ele repetia: “você está bem?”. Clarisse não tinha certeza de nada, estava zonza e ainda sob o efeito da novidade, saiu correndo. Nem lembrou da colega que estava na saleta de espera, pegou o carro e saiu queimando os pneus.
A princípio rodou sem destino, mas depois lembrou-se de Jorge. Será que, ao saber, não iria achar que ela ficara grávida por vontade, para forçá-lo a casar com ela? Não, ele não poderia pensar assim, pois muitas vezes tentara mencionar o assunto de casamento, e ela mudara de assunto, literalmente caía fora, dizendo: “primeiro quero me formar e fazer nome profissional. Eu te amo, mas só daqui a muitos anos, se você esperar, casarei com você. Agora eu não posso e nem quero compromisso”.
Parou um pouco para coordenar as ideias e lembrou de seu amigo de infância, agora médico. Foi falar com Augusto, onde ele trabalhava. Logo que lhe abraçou, contou seu drama e pediu que ele a ajudasse fazendo um aborto. Suplicou em nome de sua amizade de infância, mas Augusto foi irredutível. “Clarisse, eu estudei para dar e salvar vidas, não faço esse tipo de coisa”. Depois de tanto pedir e chorar, entretanto ele disse “calma, querida, há uma clínica de um amigo meu que, de vez em quando, faz isso. Embora eu não concorde, cada um com sua ética”. Clarisse pegou o endereço e foi à malfadada clínica, marcou data para fazer o procedimento em três dias.
No dia marcado, ao chegar à clínica, sua surpresa: Jorge lá estava, na escadaria, avisado que fora por Augusto. Logo que a viu, foi dizendo “meu amor, já que você não quer se casar comigo, não nos casaremos, mas me dê a alegria de criar meu filho. Eu cuido dele e você pode trabalhar e estudar. Nada vai impedir, eu te prometo.Você hoje tem dezenove anos, tem toda a vida pela frente, não vai alterar por perder nove meses e continuar com saúde, pois quem faz aborto sempre fica com algum problema.”
Com esse apoio, Clarisse teve um menino,  e Jorge o levou do hospital . Como eles continuaram o namoro, ela estava sempre presente na vida de Julinho. Com o passar dos anos, Clarisse, formada e bem sucedida no trabalho, casou-se com Jorge. E adivinhe, o padrinho foi Augusto e quem levou as alianças foi  o pequeno Julinho, que feliz tinha os pais reunidos.


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