Romilda
Uma
jovem descobre que está grávida.
Ainda sob o efeito da novidade, ela pega o
carro e sai...
Certa manhã, Clarisse, jovem secretária de uma grande
empresa, sentiu-se mal, chegando mesmo a desmaiar. Todos os seus colegas
ficaram alarmados, levaram-na para a saleta dos funcionários e, assim que
acordou, lhe deram água. Já recuperada mas ainda pálida, quis voltar ao
trabalho. Seu chefe porém insistiu que ela fosse a uma clínica próxima. Ate
liberou uma colega para que fosse junto.
Chegando lá, foi logo atendida. Depois de feitos os
exames, o médico lhe falou: “não há com que se preocupar, você está com saúde
boa, apenas esses incômodos, o que é normal no seu estado. É só fazer o
acompanhamento pré-natal”. Ao que Clarisse disse: “o quê?”. O doutor notou que
ela não havia entendido e falou claramente: “você está grávida de quatro
semanas”. Clarisse deu um pulo na cadeira e disse: “como?”. O médico repetiu.
Ela petrificada já não o escutava, só repetia a si mesma: “mas como, se eu
sempre me cuidei? Não pode ser, como vou fazer com meu trabalho, e estudos e
meus pais?” Eram tantas perguntas, que estava fora do mundo. Foi preciso o
médico tocar em seu ombro e perguntar se ela estava bem. Para sair do estado de
torpor, ele repetia: “você está bem?”. Clarisse não tinha certeza de nada,
estava zonza e ainda sob o efeito da novidade, saiu correndo. Nem lembrou da
colega que estava na saleta de espera, pegou o carro e saiu queimando os pneus.
A princípio rodou sem destino, mas depois lembrou-se de
Jorge. Será que, ao saber, não iria achar que ela ficara grávida por vontade,
para forçá-lo a casar com ela? Não, ele não poderia pensar assim, pois muitas
vezes tentara mencionar o assunto de casamento, e ela mudara de assunto,
literalmente caía fora, dizendo: “primeiro quero me formar e fazer nome
profissional. Eu te amo, mas só daqui a muitos anos, se você esperar, casarei
com você. Agora eu não posso e nem quero compromisso”.
Parou um pouco para coordenar as ideias e lembrou de seu
amigo de infância, agora médico. Foi falar com Augusto, onde ele trabalhava.
Logo que lhe abraçou, contou seu drama e pediu que ele a ajudasse fazendo um
aborto. Suplicou em nome de sua amizade de infância, mas Augusto foi irredutível.
“Clarisse, eu estudei para dar e salvar vidas, não faço esse tipo de coisa”.
Depois de tanto pedir e chorar, entretanto ele disse “calma, querida, há uma
clínica de um amigo meu que, de vez em quando, faz isso. Embora eu não
concorde, cada um com sua ética”. Clarisse pegou o endereço e foi à malfadada
clínica, marcou data para fazer o procedimento em três dias.
No dia marcado, ao chegar à clínica, sua surpresa: Jorge
lá estava, na escadaria, avisado que fora por Augusto. Logo que a viu, foi
dizendo “meu amor, já que você não quer se casar comigo, não nos casaremos, mas
me dê a alegria de criar meu filho. Eu cuido dele e você pode trabalhar e
estudar. Nada vai impedir, eu te prometo.Você hoje tem dezenove anos, tem toda
a vida pela frente, não vai alterar por perder nove meses e continuar com saúde,
pois quem faz aborto sempre fica com algum problema.”
Com esse apoio, Clarisse teve um menino, e Jorge o levou do hospital . Como eles
continuaram o namoro, ela estava sempre presente na vida de Julinho. Com o
passar dos anos, Clarisse, formada e bem sucedida no trabalho, casou-se com Jorge.
E adivinhe, o padrinho foi Augusto e quem levou as alianças foi o pequeno Julinho, que feliz tinha os pais
reunidos.
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