Eleni Ivete Araújo
Maria, moça bonita, bem resolvida, loira, elegante, inteligente,
mas romântica e sonhadora. Tinha “alegria” com a palavra “amor”. Alegria de
amar e ser amada.
Quando conheceu Zé, um caminhoneiro malandro, alto,
elegante, de cabelos pretos com brilhantina e bigode. Ele sabia ser envolvente
quando queria. Maria se encantou com sua lábia e não viu mais nada, entregou-se
de “corpo e alma”.
Mas a alegria de viver e amar virou tristezas, mágoas,
ressentimento e amargura. Só tristes lembranças e recordações de tudo o que
passou, remoída e sem coragem de amar novamente pois o Zé partira com seu
caminhão para fazer novas vítimas. Um malandro legítimo.
Rosa, ao contrário, vivia feliz com sua família. Era
professora há alguns anos e cuidava de sua mãe viúva. Sonhava em ter um amor,
não era segredo para seus íntimos. Todos os dias saía pela manhã e voltava à
tarde, sempre alegre, cumprimentava a todos que encontrava, afago nas crianças,
sorrisos e um troco para o mendigo que perambulava nas redondezas. Sempre a
mesma rotina: aula, casa, trabalho e suas colegas. Mas nunca deixava de sonhar.
Uma manhã, ao sair, uma surpresa: um lindo botão de rosa
vermelha no portão. Sem bilhete ou identidade. Emocionou-se, segurou a rosa
junto ao coração e contou às amigas. Todas vibraram de algreia, seu dia tinha
chegado!
Nos dias seguintes, sempre a mesma rosa vermelha. Nada
mais que a rosa vermelha. Rosa sentiu um sentimento profundo em sua alma. Um
amor platônico, sem rosto nem forma. Sentiu-se amada e feliz. Começou a pensar
que essa pessoa nunca apareceria, para não ter desilusão. Etapa feliz de sua
vida.
Ele, o mendigo da rua, não tinha outra forma de agradecer
aquele sorriso tão lindo e a esmola. Apanhava a rosa na praça, não tinha nada
para dar. Ele, o mendigo, nunca soube que dera a Rosa o que ninguém no mundo
tinha dado: o perfume sutil de seu sonho.
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